6 de set. de 2011

Entrevista: Roberta Dietrich

Roberta Dietrich nasceu em Lages - Santa Catarina e cursou jornalismo na Universidade do Vale do Itajaí - Univali, onde se formou em 1997. Aos 38 anos de idade e com quase 20 anos de carreira, a jornalista é reconhecida por uma característica indispensável na profissão: o amor pelo que faz.

No começo da carreira, trabalhou durante nove meses na TV Vale do Itajaí, hoje RICTV Record, e logo em seguida trabalhou durante quase uma década na RBSTV. Atualmente, Roberta Dietrich é coordenadora de jornalismo da TV Litoral Panorama de Balneário Camboriú. Na emissora, ela também apresenta o programa “Panorama Geral”. Além disso, trabalha como editora e apresentadora do “Bom Dia Transamérica” e diretora geral, produtora executiva e apresentadora do programa “Bem Viver”.

DM: Quando você descobriu o jornalismo como profissão?
RD:
Sempre tive na fala e na escrita minhas maiores paixões - desde muito pequena. Além disso, sempre fui contestadora, meio adolescente rebelde e o resultado natural foi buscar o jornalismo. Meus pais sempre garantiram ensino de qualidade e liberdade para a escolha da minha profissão. Sou filha de uma professora de português e de um pequeno empresário. Foram e são minha inspiração para a batalha diária.

DM: Como foi a sua passagem pela RBSTV?
RD:
Lá, passei por quase todos os programas. Fui apresentadora e editora do “Bom Dia Santa Catarina”, fiz reportagens para todos os programas da emissora, além de participações nacionais no programa da Ana Maria Braga e do Faustão... “Bom Dia Brasil”, “Jornal Hoje” e até a Copa do Mundo pela TV Globo Internacional, entre outros... Foi um tempo ótimo, trabalhei muito, às vezes sem folga e sem finais de semana, mas aprendi demais e tive grandes colegas que mantenho contato até hoje. É uma grande empresa e uma escola incomparável!

DM: E hoje, como é ser coordenadora de jornalismo da TV Litoral Panorama?
RD:
Amo o que eu faço e vou tomar para mim uma frase do jornalista Caco Barcellos. "Jornalismo é contar histórias e na TV é contar histórias para muita gente". Na TV Panorama, a gente sabe exatamente para quem está falando. A abrangência é pequena, então sabemos que cara tem o nosso público e falamos o que ele quer e precisa saber. Fazemos um jornalismo comunitário, social e extremamente informativo. Nossa rotina é como a de qualquer outra redação. Sempre em busca da pauta, sempre correndo contra o tempo, sempre tentando fazer o melhor. E nossa equipe faria inveja a muitas emissoras!



DM: Na TV Litoral Panorama, você também apresenta o “Panorama Geral”, um dos principais programas da grade de programação da emissora...
RD:
O “Panorama Geral’ é um programa comunitário que preenche uma lacuna social: ouvir as pessoas. Nós ouvimos as pessoas! Sem assistencialismo barato e com responsabilidade. É tudo ao vivo! Então no mesmo programa alguém liga reclamando da falta de água, por exemplo, e na hora nossa produção busca a resposta com o responsável pelo atendimento. Ou a própria autoridade liga na emissora, dando a dimensão da nossa audiência. Se os serviços públicos não fossem tão ruins, talvez o “Panorama Geral” não tivesse tanto sucesso.

DM: Ainda sobre o “Panorama Geral”... Durante o carnaval deste ano, você apareceu fantasiada de bruxa no programa e disse que a caracterização era uma homenagem ao prefeito de Balneário Camboriú, Edson Renato Dias (Periquito). O que realmente aconteceu?
RD:
Repito o que já disse várias vezes no programa: “quem quer elogio deve ligar para o pai ou para a mãe.” Eleitor e jornalista precisam ter senso crítico. Então a gente crítica, abre espaço para o povo falar o que pensa - normalmente cobrando, mas às vezes, até agradecendo uma obra. Certa vez o prefeito me chamou de "bruxa" numa emissora de rádio. E para entrar na brincadeira, era carnaval, eu fui fantasiada de bruxa... Afinal, bom humor é tudo!

DM: Mudando de assunto... Você também apresenta o programa “Bem Viver”.
RD:
O “Bem Viver” é um "filho". Nasceu em 2006 durante a minha última licença maternidade! Foi uma forma de ser empreendedora não dependendo de empregador para viver. Foi uma criação minha com a ajuda de muitos amigos como Vanessa Leal, Bhig Villas Boas, Luana Pompeu, Roberta Ramos, Edson dos Santos, Carol Westerkampt, entre outros. Ele nasceu local voltado para os setores de arquitetura, construção civil, design e paisagismo que estavam e estão em alta. Era veiculado pela RICTV Record, Record News e hoje está na TVBV-BAND, chegando a mais de 200 cidades catarinenses...

DM: E a sua relação com a política?
RD:
Nunca fui partidária, mas sempre gostei dessa editoria. A gente precisa saber mais e participar mais da política. Como diria Lula: "quem não gosta de política acaba sendo governado por quem gosta". Eu trabalhei em três campanhas eleitorais, sempre como profissional técnica - redatora, roteirista, repórter e sempre foi apaixonante. O processo é muito estimulante e é outra escola para a atividade do pensar e planejar a comunicação. Recomendo como escola, como aprendizagem!

DM: Durante a carreira, qual foi a sua maior gafe no telejornalismo?
RD:
Olha, sempre tentei me preparar para as entrevistas. Isso diminui sempre o risco de mico. Mas uma vez, um especialista foi falar de espécies raras no “Bom Dia Santa Catarina” na RBSTV e ele falou de uma espécie ameaçada. Eu achei que era um pássaro, mas era um tipo de roedor e ele me corrigiu na hora. Bola fora! (risos).

DM: Depois de quase duas décadas de carreira na televisão, você descobriu o rádio. Como está sendo esta descoberta diária?
RD:
Tem sido apaixonante. O “Bom Dia Transamérica” vai ao ar todas as manhãs e é essencialmente jornalístico. Temos ótimos temperos com comentários, muita interatividade com o ouvinte que nos manda mensagens sobre o que está acontecendo no amanhecer da região e muito bom humor. Nas notícias de esporte, por exemplo, eu demonstro claramente minha torcida pelo Corinthians e tem domingo que o ouvinte já começa a tirar sarro de mim no fim da tarde se o timão perde (risos). É divertida e forte essa troca!

DM: E para o futuro, o que você espera da profissão?
RD:
Espero que a comunicação local seja cada vez mais fortalecida. Afinal, interessa mais ao ser humano saber o que acontece na sua rua do que no Japão. Embora tudo influencie - mais ou menos- a nossa rotina. Espero que a tecnologia não suprima a responsabilidade na apuração e a divulgação da informação.

DM: E para terminar esta entrevista, qual é o recado que você deixa para os leitores deste blog sobre o jornalismo.
RD:
Desejo de coração encontrar uma nova geração de jornalistas menos "bunda mole", mais apaixonada e mais ética do que a que está aí na sua maioria. Claro que com honrosas e deliciosas exceções, graças a Deus! Se você está fazendo jornalismo em busca de reconhecimento, fama ou elogio mude já de profissão. Mas se você tem aquela paixão por contar histórias, quer mudar o mundo - nem que seja um pouquinho, pretende agir com seriedade e não "vender" ou "alugar" sua opinião, seja muito, muito, muito bem vindo. A casa é sua!

Um comentário:

  1. Querido Marcio,
    Obrigada pela oportunidade de dividir minha história e pela delicadeza e fidelidade com a minhas opiniões. Sucesso e a gente se encontra nas curvas da profissão...

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