10 de jul. de 2011

Entrevista: Flávia Jordão

Nascida em Angra dos Reis – Rio de Janeiro, Flávia dos Santos Jordão (foto) é hoje uma das principias jornalistas de Santa Catarina. Aos 30 anos de idade, ela ocupa um dos mais importantes cargos do telejornalismo da região. A coordenadora de jornalismo da RICTV Record se formou em Comunicação Social em 2003 pela Universidade do Vale do Itajaí – Univali. Nesta entrevista exclusiva, Flávia Jordão fala sobre: carreira, concorrência e futuro profissional.


DM: Hoje como coordenadora de jornalismo da RICTV Record Itajaí, o que você utiliza da sua experiência como repórter?
FJ: Como fui repórter, hoje facilita no que eu preciso cobrar da minha equipe. Eu sei o que dá para fazer na rua, como fazer e o tempo que um repórter leva de uma fonte até outra. A dificuldade de fazer uma enquete, por exemplo. Como já atuei em quase todas as áreas que coordeno fica mais fácil cobrar, exigir. Além de repórter, também fui produtora, pauteira, apresentadora e editora de texto.


DM: Como surgiu o convite para ocupar um cargo tão importante?
FJ: Eu era estagiária na TV e na Rádio Univali ao mesmo tempo, era bem corrido, mas a experiência foi muito importante para o aprendizado. Pois na Universidade, ficamos muito na teoria. Quando me formei fiquei sem emprego, tiver que sair dos dois estágios. Nessa época deu um “frio na barriga”, uma insegurança, será que escolhi a profissão certa? Mas depois de um mês surgiu uma vaga de repórter na TV Record e a coordenadora na época Christiane Pinheiro me chamou e me deu uma oportunidade. Mas fui bem difícil no começo, pois até então só tinha trabalhado na produção. Até segurar o microfone era complicado (risos). Pois quem olha de fora parece fácil, mas você gravar uma passagem na rua, com várias pessoas te olhando, era realmente apavorante... Mas com o tempo isso foi passando, fui ganhando firmeza, segurança e conseguindo conversar com a câmera. E a cada dia fui ficando mais apaixonada pela televisão, pelo dia a dia, sem rotina.
Depois de um tempo como repórter surgiu o convite para assumir a coordenação. Um outro desafio, pois comandar uma equipe não é fácil. Mas graças a Deus e muita paciência (risos), acho que consigo ser uma boa coordenadora. Mas essa é uma pergunta tem que ser feita para a minha equipe é claro!
Mas falando sério, o importante pra mim é que minha equipe fale a mesma língua, que seja integrada e que se ajude. Nossa meta é trabalhar pelo bom desempenho da nossa programação local. Eu também preservo muito a confiança e a possibilidade de poder contar com eles em qualquer ocasião. Pois o jornalismo não é um trabalho regrado, com hora exatamente certa para entrar e sair. Já tive que chamar repórter de madrugada, pela manhã, na folga, no natal, isso é normal na nossa profissão e é preciso se acostumar.



DM: E já surgiram convites/propostas de outras emissoras?
FJ:
Já sim, faz um tempinho (risos). Mas eu adoro o que faço, onde estou, a RICTV Record é minha segunda casa.


DM: Em sua opinião, qual é o principal desafio de um cargo deste tipo?
FJ:
O meu desafio diário é manter uma programação de matérias, links de assuntos regionais que chamam a atenção do telespectador. Tem dias que tudo acontece, é mais fácil. Mas tem dia que não acontece nada, temos que ter criatividade e criar algo, rápido, pois nosso público espera um jornal bom, de qualidade todos os dias.


DM: Você falou em público, a audiência é uma coisa que te incomoda?
FJ:
Não me incomoda. Pois independente da medição do Ibope, todos os dias eu dou o meu melhor e minha equipe também, para fazer um telejornal com qualidade.


DM: Há quatros anos, o “Jornal do Meio Dia”, principal produto da RICTV Record Itajaí, é líder absoluto de audiência no horário em toda a região. Em sua opinião, quais são os motivos de tanto sucesso?
FJ:
A regionalização, nós falamos para o povo daqui e também estamos sempre preocupados em saber a opinião do público e de saber o que eles gostariam de ver na tela do “Meio Dia”. E já são 15 anos de credibilidade, conquistada e reforçada diariamente.


DM: Por falar em “Jornal do Meio Dia”, como você analisa as várias críticas em relação aos merchandisings que são exibidos durante o telejornal?
FJ:
Estamos sempre discutindo sobre este assunto, pois temos que satisfazer o cliente que confia na nossa credibilidade, sem comprometer o programa. A situação melhorou muito e tudo pela qualidade, já tivemos seis e até oito inserções. Hoje são apenas quatro e com tempos de 30 segundos ou no máximo um minuto. Mas é uma área que está sempre sendo avaliada por mim, em conjunto com o diretor regional da emissora, Alexandre Rocha.


DM: Durante algum tempo, você apresentou ao vivo o principal telejornal da emissora com o Graciliano Rodrigues. Como foi essa experiência?
FJ:
Ótimo! Eu adorava! Era muito corrido. Na época, eu já era coordenadora de jornalismo da emissora e sou eu que decido o que vai para o ar, matérias que entram e que saem do roteiro. Quando eu apresentava essas decisões eram tomadas ali na bancada, era bem difícil e acabava tirando a minha concentração na apresentação. Mas foi um período muito bom mesmo. Além disso, o reconhecimento do público não tem preço.


DM: E as gafes... Foram muitas?

JF: São duas inesquecíveis (risos). A primeira eu apresentava o “SC no Ar” e caiu o TP (teleprompter), e eu não estava com a lauda/roteiro na mão. Aí eu disse para a câmera: só um pouquinho! Molhei o dedo na boca e comecei a procurar a lauda certa para continuar o jornal. Já a segunda gafe foi na apresentação do “Record em Notícias” também com o Graciliano. A gente estava com o link com o professor Ricardo Guedes. Quando encerrou, eu agradeci: obrigada Eduardo Guedes... Aí o Graciliano brincou comigo: você está pensando no Edu? Ele está lá no “Hoje em Dia”, não no link.



DM: Para o futuro, quais são seus objetivos?
FJ: Primeiro que a nossa profissão tenha reconhecimento, que as empresas preservem a qualidade e exijam o diploma. Eu ainda quero aprender a editar, me qualificar mais, está faltando ainda um pouco de tempo nessa minha vida maluca de jornalista, esposa e mãe.


DM: E para os leitores deste blog, qual é o recado?
FJ: Para os novatos que sempre busquem a qualidade e entendam o poder que tem a palavra de um jornalista, tanto em um texto de jornal, quanto rádio ou TV. A nossa profissão pode ser fiscalizadora, denunciar fatos, mostrar lindas histórias, tragédias, temos um “poder” imenso. Mas se for utilizado sem caráter pode comprometer a vida de muita gente.
Outra coisa, a televisão tende também a demonstrar um certo “glamour”, esqueçam, pois isso passa, o que importante é o companheirismo, a humildade do profissional.
Muita garra, e não esqueça nada de ser “filho da pauta”, um jornalista tem que ter criatividade e sempre uma carta na manga. Quero também aproveitar o espaço e agradecer a família linda que tenho, sem eles não seria nada. Beijão para os meus três amores, Fábio, Guilherme e Bruno.

Um comentário:

  1. Uma das melhores profissionais com quem já trabalhei. Como coordenadora, Flávia é o exemplo de sensatez, competência e firmeza. Deixa a equipe sempre entrosada.

    Olha, gargalhei lendo a primeira gafe citada por ela. Lembro muito dessa. Chorávamos de rir ao comentar isso na TV. Saudades daquela época! aHUAHuaHUHAuhuaHUaAHU

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