13 de mar. de 2011

Entrevista: Juliana Senne

Nascida em Balneário Camboriú, Juliana Ariana de Senne Corrêa cursou jornalismo na Universidade do Vale do Itajaí – Univali e se formou em julho de 2008. Aos 26 anos de idade, ela é coordenadora de jornalismo da TVBE de Itajaí, onde apresenta a segunda edição do “Jornal da TVBE”.

DM: Como é a sua rotina de trabalho na TVBE?
JS:
Trabalho há mais de quatro anos lá. Hoje comando o departamento de jornalismo da emissora, com uma equipe de estagiários, editores, apresentadores e com um comentarista político. Sou responsável por fazer roteiros dos programas jornalísticos da casa, também assumo o conteúdo editorial e faço a correção das matérias após o processo de edição. Gosto do trabalho na TVBE porque acredito que temos um caráter bem comunitário, de assistência social, sem deixar de lado o fato... a informação, fundamentais no jornalismo. Também temos uma grande aproximação e identificação com o telespectador que nos liga, manda e-mails e ainda vem à recepção da emissora para dar sugestões de pauta. É muito bacana saber que o jornalismo também pode funcionar como uma ferramenta de ligação entre a população e o poder público.

DM: Quando você descobriu que queria ser jornalista?
JS: Não sei dizer quando, mas fiz uma reflexão sobre isso há alguns anos. A resposta talvez tenha relação com uma brincadeira de infância. Eu brincava de fazer jornalismo usando um rádio gravador, lia notícias e depois escutava as gravações. Lembro que usava uma fita velha que ganhei junto com uma boneca da Angélica. Era um “Jornal Nacional” feito por duas meninas. Antes o jornal, depois partes que sobraram da música “Vou de Táxi” (risos).

DM: E a família, foi contra sua escolha?
JS:
Minha família não interferiu em minha escolha profissional, mas com exceção do meu pai, todos os outros membros da casa mostraram receio pela profissão. Acredito que na opinião da grande maioria, ser jornalista é para poucos. Dentro da minha família, o jornalista tem status social de inteligência e respeito. Em outras palavras a preferência era por carreiras tradicionais como advogada e professora.

DM: Juliana, você disse que já está a quatro anos na TVBE. Em quais outros veículos você já trabalhou?
JS:
Já trabalhei no jornal Diário da Cidade, Rádio Univali, Rádio 106,7 e também na TV Univali. Foi uma experiência maravilhosa porque aprendi a ter qualidade no texto televisivo, convivi com ótimos e competentes profissionais. Foi importante, mas percebi que meu perfil era para jornalismo diário, na rua, com aquela rotina onde às vezes fica difícil até mesmo um café no fim da tarde.

DM: Você falou em aí em preferências, mas qual é a sua reportagem preferida?
JS: Sou bem eclética, mas gosto de pautas com assuntos polêmicos e policiais. Mas também sou criativa na editoria de economia. Acho que as melhores reportagens são as que você tem tempo e chance de criar, explorar o assunto de forma atrativa. Às vezes até mesmo um simples buraco de rua ou um incêndio no porto podem sair boas reportagens. Tudo depende do repórter.

DM: E conta para os leitores: até hoje, qual foi a sua maior gafe na TV?
JS:
Tive muitas gafes cômicas! Uma que me recordo foi de uma ocorrência policial que cobrimos. Fomos ao local fazer a pauta com pressa porque tínhamos mais uma reportagem em andamento, era a terceira da tarde. Na saída do local, onde foi encontrado um desmanche de carros, estavam vários curiosos (moradores e pessoas que passavam pelo local). No caminho até o carro eu deixei o salto do sapato preso em uma lajota. Tive que conter o sorriso envergonhado. Também ocorreu uma gafe ao vivo! Na minha primeira apresentação do telejornal da manhã da TVBE eu abri uma nota do Diarinho para ler, mas não deu tempo de modificar o texto porque voltamos do intervalo. Sofri horrores porque tinham cinco palavrões em cada parágrafo. Enfim, tenho muitas histórias (risos).

DM: O que você ainda deseja dessa profissão para o futuro?
JS:
No campo do profissional eu não sonho, mas traço metas. Desejo poder ter a chance de voltar às ruas e fazer cada dia uma reportagem diferente. Continuar na profissão, superando meus limites, manter o processo de reciclagem e saber que sempre pode surgir a melhor reportagem, um novo furo, um elogio por um trabalho bem feito. É isso que desejo, fazer jornalismo como um padeiro faz o seu pão. Sem rodeios, fazer o que eu realmente gosto.

DM: E para terminar, uma mensagem para os leitores do blog em relação ao jornalismo.
JS:
A mensagem que deixo é para os que estão interessados em seguir essa carreira. O jornalismo é fascinante, mas atenção: também é um bichinho que te consome todos os dias. Quem é jornalista sabe que vive a profissão 24 horas. Acorda pensando em pauta e dorme avaliando como foi à produção do dia. Realmente uma profissão para os amantes e não para telespectadores! Hoje eu não vejo apenas uma reportagem na TV, meu olhar é para a forma como foi feita a passagem, a criatividade dos Offs, a letrinha errada no GC. Em muitos casos é insuportável ver uma reportagem! Exatamente porque nos envolvemos como profissionais que somos. Por isso saiba que antes de experimentar é importante saber os efeitos colaterais: jornalismo pode viciar! Espero que tenham gostado do meu depoimento. Até mais!

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